O escritor argentino Jorge Luis Borges, de seu nome completo Jorge Francisco Isidoro Luís Borges Acevedo, é, hoje, homenageado pela Google com o doodle acima.
Nascido em Buenos Aires a 24/08/1899, faleceu em Genebra a 14/06/1986, José Luis Borges é considerado o maior poeta argentino e, sem dúvida, um dos mais importantes escritores da literatura mundial. Nas suas obras, o escritor abordou temas filosóficos, metafísica, mitologia e teologia, em narrativas onde figuram os "delírios do racional", expressos em labirintos lógicos e jogos de espelhos.
"Seu texto é sempre o de uma pessoa que, reconhecendo honestamente a fragilidade e as limitações do ser humano, nos coloca diante de reflexões nas quais, com freqüência, está presente o nosso próprio destino." (Miguel A. Paladino).
Nascido em Buenos Aires a 24/08/1899, faleceu em Genebra a 14/06/1986, José Luis Borges é considerado o maior poeta argentino e, sem dúvida, um dos mais importantes escritores da literatura mundial. Nas suas obras, o escritor abordou temas filosóficos, metafísica, mitologia e teologia, em narrativas onde figuram os "delírios do racional", expressos em labirintos lógicos e jogos de espelhos.
"Seu texto é sempre o de uma pessoa que, reconhecendo honestamente a fragilidade e as limitações do ser humano, nos coloca diante de reflexões nas quais, com freqüência, está presente o nosso próprio destino." (Miguel A. Paladino).
Jorge Luis Borges
(poema extraído do livro "Elogio da Sombra", Editora Globo - Porto Alegre, 2001, pág. 75 (tradução: Carlos Nejar e Alfredo Jacques; revisão da tradução: Maria Carolina de Araújo e Jorge Schwartz)
Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.
Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.
Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.