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Rabiscos de StDennis

Há matérias que não cabem nos meus outros blogues mas que não quero que delas não se tenha conhecimento. Essas virão para aqui! O Conhecimento é a Luz da Expansão da Consciência. Ao Homem cabe o trabalho de busca, estudo e partilha para que a outros chegue essa Luz. A Inteligência alimenta a memória do cérebro animal. O Conhecimento alimenta o pensamento do cérebro humano. O Discernimento, análise inteligente do conhecimento, é a Luz da Consciência do cérebro divino que o Homem traz consigo.

[5] já por aqui passaram

Suas atitudes são responsáveis pelo seu destino, "Luiz Gasparetto"

Medicina do Corpo, da Alma e do Espírito

Medicina do Corpo, da Alma e do Espírito
(clique na imagem para saber mais)
* medicina transdimensional, transdisciplinar integrativa unificada.
* ações de esclarecimento e de formação para autocrescimento e defesa ontopsiconeurofisiológica consciencial (conhecer e controlar o animismo expandindo a Consciência, do Ser (Físico) ao Eu (Divino)
.

Tel (+351) 919252794

"aprenda a mover-se na 5ª Dimensão porque a 3ª está a cada dia mais intransitável e a 4ª não é lugar para se ficar."

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

O Homem, sem Amor de Deus no Coração, autodestrói-se

 

Epílogo 77,

O Homem, sem Amor de Deus no Coração, autodestrói-se

Durante milhares de anos, e mesmo antes de ser Homem, o Homem sempre viveu sem lei nem grei. O que vencia era o mais forte, até ao dia em que Moisés recebeu a Tábua das Leis Divinas, que foi uma forma do Senhor pôr ordem na Terra. Não sei como se viveram esses tempos. Contam-se muitas estórias, sobretudo de carácter bíblico. Umas mais exaltadas, outras mais rudes. As primeiras viram tendencialmente em fanatismos religiosos inconsequentes e facilitam o surgimento dos “santos”. As segundas facilitam o despotismo, mesmo religioso. Assim viveu o Homem por milénios (o Antigo Testamento só começou a ser escrito por volta do ano 1200 a.C.!). Na tentativa de pôr um pouco de ordem na casa, o Senhor enviou à Terra um Seu Filho que se fez Homem, Jesus o Cristo.

Jesus o Cristo veio com uma única missão: ensinar o Amor ao Homem!

Pois então não é que passados 2000 anos o Homem ainda não reconheceu e não sabe interpretar esse ensinamento? Infelizmente, até mesmo entre aqueles que se arvoram donos das Escrituras! Destes, poucos, muito poucos, conseguem interpretá-las e entender o Sentimento que Jesus trouxe e que expressava na prática a cada momento. Tenhamos em consideração que Jesus não trouxe nem ensinou observâncias religiosas. Estas foram criadas pelo Homem, por uma certa casta ávida de poder sobre a pessoa, até mesmo sobre nações, reis e governantes, impondo regras e castigos por tudo que era “pecado”. Não sabiam ensinar, muitos hoje ainda não o sabem fazer, mas eram lestos a condenar como hoje muitos o são, particularmente uns quantos “velhos do restelo” que se movimentam clandestinamente e usam indébito o nome de Jesus e de Maria como chamativo de crentes incautos a observâncias religiosas bem duvidosas, algumas mesmo clandestinas e com falsos “profissionais”.

Até há um muito bem pouco tempo atrás, bem próximo, não vi(mos) estes “velhos do restelo” a apelar ao Amor de Jesus no Coração do Homem. Ouvi(mo-l)os sim a excluir os “pecadores” e a ameaçarem com o inferno e os demónios, que os próprios ainda hoje teimam em invocar para “purificação e libertação” das almas caídas. Foi assim que a Humanidade, o Homem, se degradou pelo culto reptiliano e nunca humanista.

A Humanidade, o Homem, só terá paz nos seus corações quando o Homem for capaz de viver sentindo Jesus em seu Coração. Não há outro Caminho! E o Caminho é o do autoconhecimento divino e do desenvolvimento pessoal senciente. Caminhos de Conhecimento que uma certa igreja de antanho, e que hoje usa/junta movimentos religiosos paralelos, condena e vota ao ostracismo. Fizeram-no no passado, queimando ideias, livros e pessoas; querem-no fazer hoje à revelia de Roma actual, É essa igreja, arrogante, julgadora, incriminadora, que não ensina os Valores que Jesus trouxe mas que condena e promove a cultura do medo e que quer que a sociedade de hoje viva conforme se viveu no seu tempo de Jesus, sem ciência, sem conhecimento, apenas com oração!

Foi essa igreja de antanho que abriu as portas à trevas por não ensinar o Homem a amar Jesus. Para amar precisamos de educar sentimentos, não a sufocá-los em observâncias religiosas contínuas de 24horas. A oração não garante que se viva o Amor no Coração.

Felizmente que há vozes que se vão levantando e corrigindo erros passados mas, a iliteracia e o mal estão disseminados entre crentes e não crentes e sua reparação leva tempo. Todos nós precisamos de estar vigilantes (orai e vigiai) e não dispensar o discernimento, ouvir nossa voz interna alinhada com o nosso Divino, que é pessoal, não colectivo, ainda que possa ser comunitário.

Uma máxima que sempre tive para mim e que partilho é que “o simples sempre é o melhor”!

O Homem não é divino enquanto não sentir a efervescência do Amor de Jesus em seu Coração, enquanto não sentir a Essência do Amor Puro, Incondicional e Universal. Todos trazemos a Centelha da Vida, expressa na Chama Trina. Mas ela não é igual para todos (à condição actual, o homem tem 3 naturezas, reptiliana, animal e divina; vence aquela que ele mais alimentar). Só a Essência do Amor Puro fará do Homem um ser divino pelas suas metamorfoses ao longo dos tempos. Só então aí a humanidade se transformará numa Humanidade Universal e Incondicionalmente Amistosa, Luminosa, Humanista, Solidária.

O Homem não precisa de ser.

O Homem precisa de sentir e viver no Coração.

Ama o Deus de Spinoza

Sente e vive o Deus de Jesus no Coração

domingo, 19 de novembro de 2023

CUIDADO! as homilias não são todas iguais


Deixo à reflexão dos interessados,
uma parábola,
duas homilias!, 
- uma construtiva, à luz da Consciência Divina, reconciliadora, educadora! 
- outra negacionista, do tempo das cavernas, punitiva, castradora. Infelizmente a que se ouve maioritariamente nas igrejas retrógradas de antanho e que muitos teimam em manter.

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 25, 14-30
reflexão do Cardeal Tolentino de Mendonça

(é importante que leia esta reflexão porque sobre a mesma parábola muitos são aqueles que condenam e lançam no fogo das trevas o servo que escondeu o talento por medo. Cuidado com a palavra que se escuta e seus pregadores. Não tivesse eu constatado a instabilidade psicológica de muitos que acreditam numa qualquer batina, minha inocência me dizia que a igreja é toda de Cristo. Infelizmente, não é!)

Hoje Jesus oferece-nos esta parábola dos talentos: um senhor que dá a cada um determinado número de talentos para que cada um os faça render, construa uma história, faça deles uma aventura, os multiplique, os some, segundo a sua própria criatividade. Deus investe em cada um de nós, Deus coloca nas nossas mãos a tarefa do ser, a tarefa do construir, a tarefa do habitar. O que é interessante na parábola é este drama entre aqueles que com a sua vida a multiplicam, a tornam fecunda, e aquele que enterra o talento, que é a imagem da própria vida, enterra o seu talento por medo. E nós perguntamos: " O que é que faz render e o que é que bloqueia a vida?" Na justificação que o homem que enterrou o talento dá nós encontramos uma luz muito grande para, muitas vezes, os medos, os entraves, os bloqueios que reconhecemos dentro de nós.

O homem, quando questionado pelo Senhor, diz o seguinte: "Senhor, eu sabia que és um homem severo, que colhes onde não semeaste e recolhes onde nada lançaste, por isso tive medo e escondi o teu talento na terra."

No fundo, qual é o problema? O que é que faz render ou o que é que desacelera a nossa vida? Tem a ver com esta figura interior que, de certa forma, nos dá ou nos retira a confiança, nos puxa para a frente ou nos tira o tapete interiormente. Este homem tinha interiorizado a imagem do Senhor como a de um homem severo, de um homem intransigente, de um homem implacável que procura recolher onde não lançou e retirar onde não semeou, e teve medo.

Deus não é o juiz julgador, Deus não é o pai severo, Deus não é o Senhor implacável que nos há de pedir contas do que nós pudemos e do que nós não pudemos. Mas Deus é o Deus rico em misericórdia. Cada um de nós precisa desta palavra de confiança, desta palavra fundante de confiança para poder prosperar, para poder ser, para poder também desafiar, ir além de si e além da sua fragilidade para construir uma história de ser.
Cardeal D. José Tolentino Mendonça


OUTRA REFLEXÃO SOBRE A MESMA PARÁBOLA!
(Muitos pregadores da "palavra do senhor" precisam da nossa Misericórdia e de muita Catequese!)

Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 25, 14-30

Naquele tempo, Jesus contou esta parábola aos seus discípulos: "Um homem que sai de viagem chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois talentos, ao terceiro um único talento, a cada um segundo a sua capacidade. Então ele foi embora. Imediatamente, aquele que recebeu os cinco talentos foi negociá-los e ganhou mais cinco. Da mesma forma, quem recebeu dois talentos ganhou mais dois. Mas aquele que recebeu apenas um foi e cavou um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. Depois de muito tempo, o senhor desses servos voltou e pediu-lhes contas. Chegou aquele que recebeu cinco talentos, apresentou mais cinco talentos e disse: 'Senhor, tu me confiaste cinco talentos; eis que ganhei mais cinco.' O seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel no pouco, muitas coisas te confiarei; compartilha na alegria do teu Senhor.' Chegou também aquele que recebeu dois talentos e disse: 'Senhor, tu me confiaste dois talentos; eis que ganhei mais dois.' O seu senhor lhe disse: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel no pouco, muitas coisas te confiarei; compartilha na alegria do teu Senhor.' Chegou também aquele que tinha recebido um talento e disse: 'Senhor, eu sabia que és um homem duro: colhes onde não semeaste, recolhes onde não espalhaste o grão. Fiquei com medo e fui esconder o seu talento no chão. Aqui está. Você tem o que é seu.' Seu senhor respondeu: 'Seu servo mau e preguiçoso, você sabia que eu colho onde não semeei, que colho grãos onde não os espalhei. Então você deveria ter colocado meu dinheiro no banco para que quando eu voltasse o pudesse recuperar com juros. Então tire o talento dele e dê-o àquele que tem dez talentos. Pois a quem tem mais será dado e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem será tirado. Quanto a este servo imprestável (inútil/negligente/preguiçoso), lançai-o nas trevas da escuridão exterior; haverá choro e ranger de dentes!'" Palavra do Senhor

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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

para conhecimento da história e reflexão, A CAUSA ...



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-- N.B.: Em defesa da Língua Portuguesa o remetente deste correio não adopta o Acordo Ortográfico de 1990 por este ser incoerente, inconsistente e, comprovadamente, causa de crescente iliteracia em publicações oficiais, nas televisões, na imprensa e, de modo generalizado, na população."



quinta-feira, 4 de agosto de 2022

O Fernando Jorge... sabes quem é??


O Fernando Jorge

E foi a este ser simples que, há uns anos atrás, uma qualquer "jornalista" da TV numas entrevistas de rua à entrada de um qualquer estádio de futebol, lhe pregou um bruto estalo porque lhe estava a estragar a reportagem

 

POSTAL DO DIA 

O "Emplastro" tem nome e é um ser humano

1.

Vimo-lo há uns dias a festejar mais um título do FC. Porto, mas também o poderíamos ter visto na Procissão das Velas, em Fátima ou na Queima das Fitas.  

Poucos portugueses não conhecerão o "Emplastro". 

Mas poucos serão aqueles que conhecem o Fernando Jorge.  

Sobre o que aparece atrás das câmaras nos mais variados acontecimentos desportivos e culturais, ninguém tem dúvidas de quem se trata. 

Rimos, abanamos a cabeça, questionamos um pormenor ou outro, antecipamos onde estará a seguir. 

O "Emplastro" não tem mistérios.

 

2.

Mas do Fernando Jorge muito pouco ou nada sabemos.  

Nasceu no dia 25 de Abril. 

E logo se viu que talvez não viesse a ser como as outras crianças. 

No dia em que completou três anos, aconteceu o mesmo num outro 25 de Abril. Também logo se viu que aquele dia não seria igual aos outros dias.  

Nasceu numa família demasiadamente pobre da Praia da Madalena, no Porto. 

Ficou muito cedo órfão, mas uma avó conseguiu durante alguns anos ser o seu bocadinho de rede, o seu bocadinho de chão. 

Foi trabalhar com pouco mais de dez anos para uma fábrica onde era valorizada a sua força de braços pouco ou nada normal para uma criança. Os seus bracitos levantavam máquinas como se tivesse o poder de carrego de um homem. 

E o Fernando, a quem chamavam "Pintas" por causa de um sinal de nascença, era mais do que criança – ele era uma criança eterna. 

Ingénuo. 

Generoso. 

Amigo. 

O Fernando entregava o dinheiro à avó – o dinheiro da fábrica e das esmolas que pedia todos os fins de tarde na Igreja dos Congregados, na Praça de Almeida Garrett, no centro do Porto. 

 

3.

Estou a escrever este postal para si que julga conhecer o "Emplastro". e

Quero dizer-lhe que o Fernando nunca aprendeu a ler ou a escrever, mas na CERCI dizia-se que sabia cortar, colar e pintar. 

E sabia também sorrir e entregar-se aos outros sem perceber o modo como os outros o olhavam. Nuns casos abraçavam-no sem nada em troca, abraços genuínos de gente boa. Noutros, abraçavam-no para gozar o prato. 

Chegaram a levá-lo para viagens de finalistas em Espanha, chegaram a enchê-lo de moedas para que dançasse, para que posasse para selfies alarves, para que fosse o monstro num circo de aberrações do princípio do século XXI. 

O Fernando deixa-se ir. 

Gosta de ser gostado. 

Para ele todos o adoram, gostam de si como ele gostou daquele passarinho que um dia tentou apanhar num poste de alta tensão na estação das Devesas, em Gaia. Muitos dias no hospital, uma queimadura importante na zona lombar e uma pergunta logo que saiu dos cuidados intensivos. 

"E o passarinho?"

 

4.

Tem página na Wikipédia. 

Costuma dormir nas redondezas do aeroporto Sá Carneiro. 

Uma noite, depois de ter perdido a boleia da claque do FC. Porto que o levaria de regresso ao lugar onde dorme, o Fernando bateu à porta do Posto da GNR de Barcelos para ali poder dormir. 

Foi um fartote, mas ao "Emplastro" não era possível dizer que não. Arranjaram-lhe cobertores para que a cela, por uma vez, fosse usada por uma criança (ainda por cima) eterna. 

 

5.

O Fernando acredita em Deus. 

Sempre que pode vai a Fátima ou entra nas igrejas onde o ajudam com moedas e conselhos. 

Numa missa da RTP apareceu a ultrapassar toda a gente para tomar a hóstia em primeiro lugar, lembro-me de ter pensado que se Deus existir talvez aquela imagem seja simbólica.

Afinal, o Fernando, nascido num dia 25 de Abril…

… o Fernando Jorge que guarda num saco de plástico papelada que não mostra a ninguém…

… talvez seja até mais do que um ser humano. 

Talvez seja uma criança eterna que existe para mostrar ao mundo o quanto olhamos sem ver, o quanto conhecemos sem saber, o quanto somos insensíveis ao que está para lá da superfície. 


quarta-feira, 29 de junho de 2022

"O Cristianismo na guerra de armas e de ideias", Tomás Halik

Tomás Halik é um padre católico checo, que veio da “Igreja do Silêncio” da antiga Checoslováquia comunista. Ordenado sacerdote clandestinamente na Alemanha de Leste em 1978, 10 anos depois da Primavera de Praga, é actualmente professor de sociologia numa universidade de Praga. Em 2010 ganhou, com PACIÊNCIA COM DEUS, o prémio de melhor livro teológico do ano e em 2014 o Prémio TEMPLETON.


Exclusivo 7M: um ensaio de Tomáš Halík

O Cristianismo na guerra de armas e de ideias

Tomáš Halík | 18 Mai 2022

Este ano, as palavras proféticas do Papa Francisco tornaram-se realidade: “Vivemos não uma época de mudanças, mas uma mudança de época.” Há muito que o Papa Francisco fala do nosso tempo como sendo uma “Terceira Guerra Mundial fragmentada”. Neste momento, até o porta-voz de Putin diz que a III Guerra Mundial começou, e talvez seja a sua única afirmação verdadeira.

Ganha forma um novo mapa geopolítico do mundo, uma nova ordem mundial, surge um novo clima moral nas relações internacionais, políticas, económicas e culturais. Deparamos com a necessidade de adotar um novo e mais simples estilo de vida. Começa um novo capítulo da História.

Desde o início deste milénio, a ordem democrática ocidental tem sido submetida a uma série de testes, cada vez mais difíceis, de resiliência, durabilidade e credibilidade: o ataque terrorista em Manhattan, a crise financeira, o Brexit, a administração populista de Donald Trump, a pandemia global do coronavírus, agora a agressão russa, a destruição cínica do sistema de direito internacional construído após a Segunda Guerra Mundial.

A cegueira e a ingenuidade dos políticos europeus, guiados apenas por interesses económicos, contribuíram para que a Rússia se tornasse um Estado terrorista que se excluiu do mundo civilizado com a ocupação da Crimeia e o atual genocídio na Ucrânia, e que agora chantageia e ameaça esta última. Ainda não sabemos como o isolamento internacional, a pobreza e a humilhação vão afetar a sociedade russa, privada de liberdade de informação, tendo sofrido uma lavagem ao cérebro através da propaganda e sendo alimentada pela nostalgia do império soviético. Não sabemos se esta situação vai levar a uma fraca oposição democrática ou se, pelo contrário, vai despertar um fanático movimento nacionalista-fascista, como aconteceu na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial. A única coisa certa é que, mesmo depois do fim da guerra na Ucrânia, o mundo não voltará à forma que tinha no início deste ano.

A frente decisiva nesta guerra é a opinião pública na Rússia, que tem sido privada de liberdade de informação e sujeita a uma intensa lavagem cerebral pela propaganda de mentiras.  O aliado mais importante do regime de Putin e da sua ideologia imperialista-nacionalista é o analfabetismo político de grande parte da população russa, a falta de uma experiência positiva democrática e, acima de tudo, a ausência de uma sociedade civil.

Em muitos países pós-comunistas, foram alguns membros das elites dos regimes comunistas politicamente derrotados – especialmente a sua componente mais capaz, a polícia política –, os mais rápidos a embarcar no elevador da globalização e a chegar ao topo do poder e da riqueza; eram praticamente os únicos que estavam preparados para as mudanças político-económicas tendo capital de dinheiro, de contactos e de informação. Vladimir Putin é um excelente exemplo destas elites.

O primeiro sinal do despertar da sociedade civil na Europa oriental foram as “revoluções coloridas”; a principal razão de Putin levar a cabo a sua agressão foi o medo de que a faísca do renascimento da sociedade civil se estendesse à Rússia. O fim da era Putin na Rússia não será um eventual golpe palaciano por parte de oligarcas ou generais, mas sim o despertar da sociedade civil, como aconteceu agora na Ucrânia.

Se o Ocidente não está disposto ou é incapaz de ajudar a Ucrânia de modo a travar a agressão russa e a defender a sua independência, se o Ocidente sacrificar a Ucrânia com base na falsa ilusão de que isso salvará a paz mundial – como aconteceu no caso da Checoslováquia no limiar da Segunda Guerra Mundial –, isso será um incentivo não só para uma maior expansão da Rússia, mas para todos os ditadores e agressores em todo o mundo.

Putin está interessado na rendição da Ucrânia porque sabe que isso mostraria ao mundo a fraqueza do Ocidente e seria a rendição de todo o sistema de democracia liberal. Este sistema mantém-se e sustenta-se no capital de confiança que as pessoas têm na eficácia das instituições democráticas; uma nova violação desta confiança, já abalada, pode ter consequências fatais.

Vladimir Putin conseguiu – contra a sua vontade – criar na Ucrânia uma nação política, determinada e unida, para a qual pertencer à Europa não é apenas uma frase retórica, mas um valor pelo qual milhares de pessoas dão as suas vidas. A Ucrânia está a assinar com o seu sangue o pedido de adesão à União Europeia. A Ucrânia é hoje mais “europeia” do que muitos países do coração da Europa.


Mobilizar forças morais e espirituais

A Ucrânia dá hoje ao mundo uma lição valiosa: os planos de uma superpotência nuclear podem falhar se forem contrariados pela coragem e pela força moral, mobilizadas pelos seus líderes. Os planos de uma superpotência nuclear podem falhar se tiverem a oposição da coragem e da força moral, mobilizadas por líderes com credibilidade pessoal, vontade de fazer um autossacrifício extremo e possuindo a arte de uma comunicação persuasiva.

Haverá hoje no Ocidente algum líder político que mobilize forças morais como Zelensky?

Putin conseguiu, em certa medida, unir o Ocidente contra si. No entanto, subsiste uma tarefa difícil para o Ocidente: transformar a unidade contra um inimigo comum numa unidade positiva mais profunda. Continuar em espírito democrático no processo de integração europeia não só é desejável como necessário e significa formar uma demos europeia, uma comunidade de valores para a qual estamos dispostos a sacrificar muito – e é sobretudo uma tarefa cultural, moral, espiritual.

Após o ataque a Manhattan, a falecida Madelaine Albright sublinhou que a “guerra ao terror” não pode ser apenas uma guerra de armas, mas deve ser também uma batalha de ideias.

A linguagem secular tem-se mostrado incapaz de dar voz às emoções fortes quando estas saem a céu aberto como acontece em situações de crise. Vemos na linguagem dos políticos – mesmo daqueles que estão muito distantes da fé pessoal e da ética religiosa – aparecerem espontaneamente termos religiosos, evocando imagens sugestivas do “inconsciente coletivo”. A sociedade secular tem subestimado a força da linguagem religiosa, dos símbolos e dos rituais. Estas forças podem ser usadas de forma construtiva ou destrutiva. Os extremistas islâmicos conseguiram aproveitar o potencial da energia religiosa para os seus próprios propósitos. Que potencial espiritual tem a sociedade ocidental secular? Que papel pode desempenhar o cristianismo no Ocidente?

As igrejas cristãs ainda não recuperaram suficientemente das revelações dos abusos sexuais, da onda de secularização (ou mais precisamente dos sem-igreja) das sociedades ocidentais.

Na linha da frente da Grande Guerra 1914-1918, a experiência de teólogos como Teilhard de Chardin e Paul Tillich fez surgir uma nova teologia, uma nova conceção de Deus e da relação entre Deus e o mundo.

Será que desta guerra veremos emergir uma nova energia espiritual e novas visões inspiradoras para o futuro que marcarão o nosso mundo com as suas consequências?


A relação entre religião e política está a mudar

Precisamos de voltar a fazer a pergunta sobre qual a relação entre política e religião.

Alguns ditadores e líderes de regimes autoritários instrumentalizam a religião, de forma deliberada. Quando Estaline percebeu que os povos do Império Soviético (especialmente a Ucrânia) não estavam dispostos a lutar pelo comunismo, quando da invasão das tropas de Hitler, redefiniu o conflito como sendo a “Grande Guerra Patriótica”, e vimos os padres ortodoxos, com ícones nas mãos, marchar à frente das tropas do Exército Vermelho. Putin, grande admirador de Estaline, também reconheceu que a “Grande Rússia” que procura precisa de um impulso espiritual e tenta instrumentalizar a Igreja Ortodoxa Russa. Sabemos que muitos dos seus líderes são seus ex-colegas do KGB.

A indústria da propaganda russa visa especificamente os cristãos conservadores e procura retratar Putin como um novo imperador Constantino que salvará o cristianismo da influência corrosiva do “protestantismo e do liberalismo ocidentais”.

Viktor Orbán e alguns líderes da atual Polónia também se vêem como “salvadores da cultura cristã” nas críticas que fazem à União Europeia. O primeiro-ministro húngaro proclama (e pratica) um modelo de “democracia iliberal” próximo da “democracia gerida” de Putin; na realidade, é uma forma dissimulada de dizer um Estado autoritário. Na Polónia, a aliança dos políticos populistas-nacionalistas com certos círculos de liderança da Igreja, juntamente com a revelação de um nível chocante de abuso sexual, psicológico e espiritual por parte do clero, levou a uma perda dramática de confiança na Igreja, especialmente entre as gerações mais novas. Esta aliança entre o cristianismo conservador e o nacionalismo desacredita o cristianismo e prejudica mais a Igreja do que meio século de perseguição comunista; a Polónia está a atravessar o processo mais rápido de secularização da Europa.

Existe alguma forma de cristianismo no mundo de hoje que possa ser fonte de inspiração moral para uma cultura de liberdade e democracia? Há muitos anos que me faço esta pergunta. Temos de procurar uma forma que não seja uma imitação nostálgica do passado e que respeite o facto de o nosso mundo já não ser religioso e culturalmente monocromático mas radicalmente pluralista.

O conceito de religião (religio) tem sido visto tradicionalmente como derivando do verbo latino religare (reunir). A religião foi entendida como uma força integradora na sociedade. Este papel foi largamente cumprido pelo cristianismo pré-moderno dentro das Christianitas medievais. Mas esse capítulo da história do Cristianismo acabou. Seguiu-se a época da modernidade que levou o cristianismo a ser uma de muitas “visões do mundo”. Era uma religião dividida em diferentes denominações representadas por diferentes igrejas. Hoje, esta forma de cristianismo atravessa uma grave crise.

Até agora, a relação entre religião e política tem sido vista principalmente como sendo entre Igreja e o Estado. No entanto, no decurso da globalização, as igrejas perderam o monopólio da religião e a nação afirma o seu monopólio na política. O principal concorrente da religião, na Igreja de hoje, não é o ateísmo ou o humanismo secular mas a espiritualidade sem-igreja, por um lado, e a religião como ideologia política, por outro. No decorrer da secularização, a religião não desapareceu, mas sofreu uma profunda transformação. O seu papel na sociedade e na vida das pessoas está a mudar.

O papel da “religio” como força integradora da sociedade tem sido assumido por outros fenómenos sociais no processo de globalização, especialmente pelo mercado global de bens e de informação (incluindo os meios de comunicação de massa). Hoje, o processo de globalização e a ordem política e económica sofrem profundas convulsões e mudanças. Não há uma força unificadora global. Se a atual unidade do Ocidente se baseasse apenas na defesa contra a Rússia, não duraria.

Após a queda do comunismo e do mundo bipolar, Francis Fukuyama expressou a esperança de que o “fim da história” viesse sob a forma de uma vitória global da democracia e do capitalismo de estilo ocidental. O radicalismo islâmico e, agora, a Rússia de Putin, responderam a esta visão com pânico, ódio e violência.

Para que o processo de unificação mundial continue, não podemos confiar apenas no lado económico da globalização. A cura do mundo pressupõe uma força espiritual inspiradora.

 

Para curar as feridas do mundo

O Papa Francisco apresenta uma visão da Igreja como sendo um “hospital de campanha”; uma Igreja que não se encontra num “esplêndido isolamento” do mundo contemporâneo, nem trava “guerras culturais” no seu seio. Se a Igreja quer ser um “hospital de campanha”, então o seu ministério terapêutico pressupõe a capacidade de diagnosticar, com competência, o estado do mundo.

Suspeito que a religião do futuro estará mais de acordo com o significado do verbo re-legere, ler de novo. Oferecerá uma “re-leitura”, uma nova hermenêutica, uma capacidade de “leitura espiritual” e uma interpretação mais profunda das suas próprias fontes (Bíblia e tradição no caso do cristianismo) e dos “sinais dos tempos”: acontecimentos na sociedade e na cultura. A visão dos meios de comunicação social, dos políticos e dos economistas tem de ser complementada por uma abordagem contemplativa do nosso mundo. Encontro uma inspiração valiosa para o dia de hoje, e para o de amanhã, nos ensinamentos sociais do Papa Francisco. Estou convencido de que a encíclica Fratelli tutti (incluindo os capítulos sobre a nova cultura política) pode ter, para o século XXI, uma relevância semelhante à que teve a Declaração Universal dos Direitos Humanos para o século XX.

O teólogo protestante checo Jan Amos Komenský escreveu a Consultatio Catholica De Rerum Humanarum Emendatione (Consulta Católica sobre Reparação dos Assuntos Humanos) como preparação para o Concílio Ecuménico durante as guerras religiosas do século XVII. Hoje, vejo de forma semelhante o apelo do Papa Francisco a transformar a Igreja de uma instituição clerical rígida numa dinâmica viagem comunitária. Tal como a democratização da Igreja durante a Reforma contribuiu para a democratização da sociedade, assim o princípio da sinodalidade (syn-hodos, caminho comum) pode ser uma inspiração, não só para a Igreja Católica e para a sua abertura à cooperação ecuménica, inter-religiosa e intercultural, mas também para uma cultura política de convivência num mundo pluralista.  Neste momento, o mundo está em guerra, mas temos de pensar no mundo do pós-guerra. Não devemos repetir velhos erros e subestimar a energia espiritual das religiões mundiais.

Ao longo da história, a Europa tem sido a mãe de revoluções e reformas, o foco de guerras mundiais e do processo de globalização, tendo enviado impulsos de desenvolvimento cultural, científico, económico e tecnológico para todo o mundo, e deixado traços significativos de luz e escuridão na história mundial. Hoje, o sonho de uma Europa unida a “respirar com ambos os pulmões” está ameaçado pelos tumores perigosos do nacionalismo, do populismo e do fundamentalismo que existem em ambos os pulmões. O potencial terapêutico, não destrutivo, da religião, deve ser desenvolvido. Um tempo de crise é também, sempre, um momento de novos desafios e oportunidades.

Tomáš Halík

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Acerca de mim

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EU SOU um Heilpraktiker Biohumanista que ajuda e ensina a melhorar o bem-estar físico, mental, psíquico e espiritual do HOMEM, pela intervenção holística na área da saúde e da expansão da consciência, pelo autoconhecimento e autodesenvolvimento pessoal (interno e externo) para uma maior LIBERDADE do EU e AFIRMAÇÃO do SER dentro de Valores Sociais, Morais e Humanos aplicados segundo princípios da doutrina espírita de Allan Kardec. Licenciado em Sociologia Médica e Biopolítica, Bromatologia, Higiene Vital e Psicologia (1980/84)*; especializado em Osteopatia (1984/86), Acupunctura (1988/91), Medicina Ortomolecular e Eumetabólica (1999); pós-graduado em Bioética (1998); Mestre em Reiki de Expansão da Consciência à 5ªD (2007/09); Mestre em Hermetismo (esotérico e exotérico) (2009/11); terapeuta de FREQUÊNCIAS DE LUZ (terapia holistica quântica pleiadiana da 5ª Dimensão)(2011). Hoje EU SOU um Trabalhador da Luz que estuda, investiga, desenvolve e pratica ferramentas da medicina quântica do futuro, Terapias de Luz. Eu Sou Ivo, que procura ser uma consciência crística de Luz, Amor, Perdão e Paz. [* Área de intervenção-biomedicina educacional, física e espiritual, preventiva e terapêutica.]

Madeira - enxurradas de 20/02/2010 - videos de vídeo-amadores

http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Imagens-de-video-amadores-ilustram-a-tragedia-madeirense.rtp&headline=20&visual=9&article=320863&tm=8