O MEDO IMAGINÁRIO
O medo é o maior inimigo do homem. O medo está por trás do fracasso, da doença e das relações humanas desagradáveis. Milhões de pessoas têm medo do passado, do futuro, da velhice, da loucura e da morte. O medo é um pensamento na sua mente. Portanto, do que tem medo é dos seus próprios pensamentos. Os seus temores não têm rosto. Eles são apenas vozes sem palavras. Eles só têm palavras se permitir que influenciem o seu modo de pensar.
Se colocasse uma tábua de 20cm de largura no chão e lhe pedisse para correr em toda a sua extensão, fá-lo-ia tranquilamente. Contudo, se pusesse a mesma tábua entre dois prédios de 15 andares, o seu pensamento reagiria de acordo e teria medo de andar sobre ela.
Todos nós temos medo. O importante é como reagimos a estes temores. Vigie os seus pensamentos. Cada pensamento aceito como verdade é enviado pelo seu consciente ao subconsciente e trazido ao seu mundo exterior como uma realidade.
Medo é uma coisa boa, pois nos protege dos perigos. Os grandes astros sempre sentem medo antes de entrar no palco. O medo é bom em certo sentido. Por isso é natural que sintamos medo, porém, lembre-se que, para tudo na vida, existe sempre uma primeira vez. O primeiro amigo, a primeira namorada, o primeiro emprego, a primeira promoção, etc. É, nesta primeira vez, que construímos o nosso futuro.
Se não fosse a primeira fase do seu estudo, hoje não teria o perfil profissional que tem, e, provavelmente, seria um completo ignorante. Tenho a certeza de que o seu primeiro dia na escola foi um verdadeiro terror, quando saiu de perto da sua mãe. Sentiu medo!
O medo se manifesta no corpo através de sensações como dor na barriga, imobilização, travamento (perna, mente, garganta), tremedeira, calafrios, suores. Provoca mudanças no metabolismo que se manifestam como um estado de alerta.
O estado de alerta é uma reação natural para situações de perigo, mas acaba sendo utilizado para as oscilações que a mente provoca. Esse, sim, é um medo desnecessário e prejudicial, pois passamos muito tempo acionando os mais diversos tipos de alerta imaginários: "Vou ser demitido", "Falhei!", "Estou sendo traído".
Todo desejo traz consigo um medo. Quando desejamos um novo emprego, uma promoção, um amor, surge, com este desejo, o medo de não conseguirmos. A mente começa a criar situações mirabolantes e um turbilhão de idéias negativas.
Das muitas atitudes que podem destruí-lo é a pré-qualificação dos seus projetos. Nunca diga a si próprio: "Estou feito" ou "Vou perder, já existem muitos pontos a meu desfavor". Essa é a melhor maneira de se derrotar antes de começar.
O medo causa sentimentos de opressão, depressão, tristeza, infelicidade e dor. Este sentimento é trazido pelas sensações de perda, exposição, erro, inferioridade, humilhação e vergonha. Quando nos mantemos frequentemente nesse estado de alerta imaginário, acabamos por gerar uma tensão que, com o tempo, se transforma em estresse.
O simples fato de mudarmos de uma moradia, de um emprego ou de um(a) namorado(a), traz consigo o medo imaginário. Será que no local da nova residência vou encontrar um mercado com facilidade? Os vizinhos serão atenciosos e amigáveis? Vou gostar de lá? No caso do emprego, será que ficarei feliz? Foi uma decisão acertada? E com o novo relacionamento amoroso, é a pessoa ideal para mim? Estou tomando a decisão acertada?
Medo imaginário é o movimento fantasioso que a mente faz, na tentativa de impedir que um acontecimento indesejável ocorra. Esta repulsa reforça a lembrança da dor, da punição, da vergonha e da humilhação, procurando evitar que venhamos a sofrer.
O medo imaginário embota a nossa mente e nos impede de agir de forma ousada, de pensar com clareza. Faz a mente distorcer os pensamentos, levando-nos a todos os tipos de crenças absurdas.
O medo do novo, do desconhecido, não existe. O que exista é apenas o apego às coisas conhecidas e o receio de perdê-las, pois o que é conhecido, por mais sofrimento que traga, nos parece seguro e confortável. O medo imaginário nos obriga a fazer sempre as mesmas coisas e, assim, criamos rotinas, hábitos, crenças e dogmas, evitando a aventura de um novo emprego, um novo amor, um novo projeto, deixando de nos abrir ao desconhecido e ao novo.
Nos questionamos muitas vezes que devemos mudar, que merecemos um emprego melhor, uma casa maior, ser feliz, ou qualquer outra coisa, mas não permitimos que as mudanças ocorram. Tememos e resistimos às mudanças externas e internas. Essas resistências são um reflexo de nossos temores para lidar com as mudanças.
Esse medo do novo, do desconhecido, não passa de falta de fé. Quando acreditamos que controlamos as coisas, que dominamos os fatos, temos uma confortável sensação de segurança. Como não podemos controlar algo que não conhecemos, somos tomados pela sensação de impotência.
O medo cria barreiras, muros de proteção, pois cremos que existem ameaças das quais temos que nos proteger, que nos defender. Obviamente, essas barreiras são criadas para proteger a nossa auto-imagem. Mas o medo não está ali zelando por nós, está nos travando. É o grande responsável por todos os nossos conceitos errôneos. Traz com ele o desejo de segurança, e o desejo de segurança traz o seu oposto, a insegurança.
Podemos até ter conhecimento de certos medos imaginários, mas nem sempre temos consciência deles. Não temos consciência dos medos que temos. Costumamos achar que dentro de nós só existem os grandes medos. Mas existem os pequenos medos, que são muitos e geram, de forma sutil, condicionamentos, ansiedade, preocupação, desconfiança, insegurança e tensão. Enquanto nos preocupamos com os grandes medos, esquecemo-nos dos medos menores, daqueles que realmente envenenam o nosso dia-a-dia.
Temos medo da zombaria, do ridículo, da exposição, da humilhação, da desonra, do embaraço, da retaliação moral ou material, do castigo, da punição, da rejeição. Temos medo do que os outros vão achar, do que os outros vão dizer, do que os outros vão pensar. Vivemos em um permanente e desconfortável estado de alerta, não existindo repouso interno. Temos medo de ser rejeitado, magoado, da crítica, das reclamações, da nossa família, da opinião pública. Temos medo de não obter o que desejamos ou de perder o que possuímos, de perder nossas companhias, de ficar sem a segurança e a satisfação proporcionadas pela posse, de não ser ninguém, de não ter comida ou dinheiro suficientes. Temos medo de não ser um "sucesso", de perder o status social, de ser desprezado ou ridicularizado, de ser dominado por outrem. Temos medo de não chegar a conhecer o amor ou de não ser amado, de perder esposa ou filhos. Temos medo de perder a fé, de nos sentir vazios. Temos medo de viver.
Comece a compreender agora que o mundo em que vive é determinado em grande parte pelo que vai na sua mente. Não permita os pensamentos negativos, derrotistas, maldosos e deprimentes. Não desperdice energias e concentração numa luta inútil contra falsos fantasmas. Aperceba-se de que não pode passar por nada que não exista na sua mentalidade.
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