Uma entrevista interessante para recordar o sobe e desce de uma revolução, alguns dos seus "segredos" e ideias que não se consideram, não se escutam, . . . e passados 15 anos o país está bem pior que então (06/03/1999) e muito pior que há 35 anos atrás (25/04/1974), no seu tecido empresarial, económico e nos seus valores pátrios.
Descendente de uma família de industriais, José Manuel de Mello nasceu em Cascais no dia 8 de Dezembro de 1927, teve 12 filhos e começou a trabalhar cedo nos negócios da família, o Grupo CUF, fundado pelo seu avô Alfredo da Silva.
Antes de 1974, partilhava com o seu irmão Jorge a liderança do Grupo CUF. Transformou a Casa Bancária José Henriques Totta no Banco Totta & Açores, fez a fusão da Companhia Nacional de Navegação com a Sociedade Geral, foi responsável pela expansão da Soponata, fez a fusão das seguradoras Império/Sagres/Universal e fundou a Lisnave.
Em 1983, cria a sociedade financeira MDM, em parceria com o Morgan Guaranty Trust e o Deutsche Bank, fundando depois o Banco Mello e comprando, em processo de privatização, a Companhia de Seguros Império.
No final de 1999, celebra um acordo de fusão da área financeira e seguradora com o BCP/Atlântico, após o que reconfigurou o posicionamento do Grupo José de Mello, que participa hoje em empresas estratégicas para a economia nacional: Brisa, CUF, José de Mello Saúde, Efacec e EDP.
"É sempre uma triste notícia, apesar de já esperada. Mais um amigo que desaparece", começou por dizer João Salgueiro, salientando que José Manuel de Mello "assumiu grandes responsabilidades no seu grupo. E admiro-o especialmente pelas responsabilidades que assumiu no panorama cívico português."
Antes do 25 de Abril, continuou a explicar o ex-presidente da CGD e da APB, o industrial "procurou encorajar uma transição do regime que tornaria dispensáveis os custos que a descolonização acabou por envolver para portugueses e africanos". "Foi flagrante a posição que tomou durante a reeleição de Américo Tomás [reeleito Presidente da República em 1972] quando votou contra", observou Salgueiro, lembrando que José Manuel de Mello "procurou nessa altura apoiar uma candidatura alternativa".
Já em 1975, avançou o ex-banqueiro, o industrial regressou a Portugal e "lutou para que se criassem condições para estimular o investimento e a criação de novos empregos. E depois da adesão de Portugal à CEE, em várias alturas, promoveu iniciativas para envolver a classe empresarial nas reformas de fundo que eram cada vez mais necessárias."
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