Para muitas pessoas, a intimidade é uma espécie de segredo, de reduto, de muralha dentro da qual nos refugiamos ou nos escondemos dos outros, mesmo daqueles que nos estão próximos.
Os especialistas consideram que a intimidade pode ser dividida em 5 categorias: a intelectual, a afetiva, a espiritual, a corporal e a sexual.
A intimidade está fortemente ligada à noção do EU e à individualidade. Ela representa e envolve o mais íntimo de nós mesmos. Pode encerrar não apenas quem somos mas também o que pensamos.
Ser íntimo de alguém é partilhar com esse outro aspetos privados (segredos, mistérios, problemas, angústias, desejos, ideias...) que nos desnudam e expõem, o que, se, por um lado contribui para o desenvolvimento de laços afetivos, também pode colocar-nos em apuros e em perigo se esse outro usar a nossa intimidade para se aproveitar de nós de forma desonesta.
Num mundo carregado de perigos e câmaras de vigilância tendemos a fechar a nossa intimidade, a não partilhar a proximidade autêntica. Corremos o risco de criar uma muralha à nossa volta e perder a confiança nos outros. O isolamento conduz à solidão, à depressão e à aniquilação do EU.
Por exemplo, as pessoas demasiado racionais tendem a evitar a intimidade partilhada. Escondem-se por detrás do medo da nudez afetiva. O Superego torna-se severo e a distância afetiva com os outros aumenta.
O medo da partilha da intimidade é o medo da fusão. Medo de nos envolvermos com os outros e perdermos os nossos refúgios. Ao partilhar ideias e sentimentos com os outros, ao revelarmos o secretismo da nossa intimidade podemos sentir que estamos a ficar vulneráveis. Deixamos uma porta aberta por onde esse outro pode espreitar a nossa vida.
Frequentemente, o medo da intimidade representa um estado de insegurança e falta de maturidade emocional. Uma intimidade segura exige um Ego forte e saudável. Saber dosear aquilo que partilhamos de íntimo com os outros, saber escolher a quem autorizamos a descoberta da nossa intimidade, representa um passo importante para a autonomia emocional e o fortalecimento da autoestima.
Da mesma maneira, quando estamos no lugar do outro, em que ele confia ou partilha suas intimidades, só seremos dignos dessa confiança se soubermos respeitar aquilo que constituem os territórios dos segredos e das confissões de quem se abriu para nós.
Sejamos dignos de usufruir da nossa intimidade e também de descobrir e envolver-nos na intimidade dos outros. Isso exige uma personalidade forte, honesta, bom carácter e inteligência. A intimidade é a última fronteira do nosso mundo privado.
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